quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Trip:

El Gringo

Brazucas encaram o monstro

Por Marco Aurélio Barroso Fonseca em 16/10/2008 00:10

Nas esquerdas de Arica, Mikimba encontra os tubos da vida. Foto: Arquivo Pessoal.

No último mês de agosto, os bodyboarders Tobias Widera e Carlos Eduardo Mikimba foram ao Chile para surfar as já conhecidas ondas do país, além de participar da etapa do Circuito Mundial.

Em um bate-papo descontraído, eles relatam suas experiências e impressões sobreo pico, além de dar dicas para quem estiver interessado em visitar o local.

Uma viagem sempre requer algum planejamento e tempo. Como vocês se prepararam essa trip aqui no Brasil, dentro e fora d´água?

Tobias Treinei bastante em São Conrado, uma esquerda tubular

Nas direitas, Tobias Widera decola em aéreos insanos. Foto: Arquivo Pessoal.

parecida com as esquerdas do El Gringo. Antes de viajar para o Chile estava correndo duas vezs por semana na praia e duas vezes na ciclovia. Nesse treinamento eu fazia dois quilômetros de corrida na ida e dois quilômetros de caminhada na volta. Minha alimentação é de cinco refeições diárias e bastante frutas.

Mikimba A preparação foi tranqüila. Procurei surfar em vários tipo de onda, tanto nas grandes e buraco, como nas cheias e com tamanho. Nos dias de mar pequeno, eu também forçava uma barra pra não sair do ritmo. Corria de vez em quando, e não mexi na alimentação, já que eu sempre mantive isso com qualidade.

Vocês já haviam viajado antes para fora do Brasil? Qual lugar?

Tobias Fui para o México em julho de 2006, na temporada de ondas grandes.

Mikimba Fui para a Europa, mas surfei em ondas pequenas, que não tem como comparar com as ondas de Arica no Chile.

Por que a escolha do Chile?

Tobias Pelo fato de rolar altas ondas e de ser barato.

Mikimba Ondas de peso, buraco e manobra aérea, totalmente ligada ao esporte.

Qual a primeira impressão que se tem quando se chega no Chile de um modo geral?

Tobias Quando se chega em Santiago é bem bonito, porque você vê os Andes, mas quando está chegando em Arica parece que está chegando em Marte (risos).

Mikimba Minha primeira impressão foi muito boa, porque quando eu cheguei tinha mais de três metros de onda e eu que fiquei no mesmo quarto que o Robert Bruno, então fomos juntos pro pico, caímos e achei que fosse ser terror e pânico, mas com respeito deu pra pegar bons tubos. Se der mole, lá dá até pra morrer!

Em relação às ondas, que tipo de mar pode se esperar por lá comparando com o Brasil?

Tobias Não tem comparação, é muto diferente. Arica é o Hawaii da América do Sul.

Mikimba Nenhum mar se compara com El Gringo, a onda é pesada. Se aqui no Brasil você tem medo de onda grande, pode esquecer! Só pra ter uma idéia, no dia em que o mar estava com uns quatro metros, o maior dia do campeonato, eu e o capixaba Rino de Souza demos a filmadora pro Tobias e fomos surfar.

Tentamos entrar pelo canal, que estava mais punk do que esperávamos. Esperamos o momento exato, ou que pelo menos parecia ser. Quando a bom subiu eu dei um golfinho raso por caus das pedras e de cara perdi o pé-de-pato. Tive que voltar. Quando olhei pro lado não vi o capixaba, graças a Deus voltei e consegui sair pelo canal.

O Rino teve ainda uma sorte maior que a minha, porque o Kurt (local do pico) me falou que por pouco ele não morreu e que Deus falou que não era a hora dele, porque ele ficou no crítico em cima das pedras e a onda arrastou ele lá pra fora. Lucas Nogueira falou que ele estava meio grogue e que essa foi por pouco, depois lá fora ele descansou e conseguiu sair.

Nesta viagem vocês tiveram a oportunidade de competir em uma etapa do Circuito Mundial junto com os melhores do mundo, descreva esta experiência.

Tobias Foi uma experiência ótima! Altas ondas transforman o espetáculo, isro é o bodyboard! Você chega aqui no Brasil e vê campeonatos deprimentes por falta de ondas. O bodyboard só é bem visto em ondas de verdade.

Mikimba Foi muito boa e deu pra ver bem o surf dos gringos. Se houvesse um apoio de nível internacional, com certeza, competindo todo o circuito daria pra chegar junto.

Como é a onda de El Gringo? Fale um pouco sobre o pico.

Tobias A onda é animal! A direita é mais manobrável e a esquerda é um tubo expresso e bem perigoso. No final da onda você tem que sair, senão vai parar nas pedras.

Mikimba Muito buraco! Sem comparação com qualquer onda nacional. A esquerda é um tubo profundo e mais perigoso, já a direita é uma onda de manobra e não exige tanta experiência quanto a esquerda. Pra ter uma idéia, depois que o campeonato acabou e todo mundo foi embora, fiquei lá por sete dias e vi que os locais só dropavam a direita depois de um metro, então me dei bem e só tirei tubão!

Cite dois momentos mais tensos dessa viagem, positiva e negativamente.

Tobias Conheci uma galera maneira, que fez com que a viagem fosse irada, esse foi o lado positivo. Agora o lado negativo foi quando bati nas pedras depois de ter largado a prancha do aéreo, quando levantei da vaca fiquei com a água na canela e vi uma bomba de quase três metros vindo pra cima de mim. Furei a onda com medo de ser arrastado pra cima das pedras, foi um desespero sinistro, porque eu não conseguia bater o pé de pato para sair do x. Por sorte veio só essa, depois a corrente me levou pro canal.

Mikimba O positivo foi que tirei o maior e mais longo tubo da minha vida. O terror foi o que eu falei agora há pouco.

Que toque vocês dariam para quem vai ao Chile pela primeira vez?

Tobias Cuidado com os picorocos, eles querem sua carne (risos).

Mikimba Muito cuidado e boas ondas, porque é uma viagem que vale muito a pena, no ano que vem estarei lá de novo.

Qual é sua próxima viagem internacional?

Tobias Estou em dúvida entre Hawaii, Chile ou México.

Mikimba Acho que irei a Puerto Escondido, México.

Deixem um recado pra galera.

Tobias Nunca desista dos seus sonhos, já realizei dois e quero continuar.

Mikimba Boas ondas e se forem pro Chile levem uma Cloud 9, porque a prancha é flexível e totalmente "go for it" para essas ondas! Grande abraço! Obrigado senhor!

Agradecimentos a Marco BBCO / Bodyboardco.com .

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